Trombofilia e descolamento de placenta: existe relação?

A trombofilia, ou seja, a predisposição em ter trombose, é um problema de coagulação no sangue e possível obstrução (“entupimento”) de vasos sanguíneos. Não é uma doença, mas uma condição que pode ter diferentes causas. Mas e a trombofilia e descolamento de placenta? Existe relação?

Já tratei aqui sobre a trombofilia algumas vezes, mas ainda existem muitas dúvidas que chegam tanto por redes sociais, como no consultório. Por isso, hoje vou falar sobre a relação da trombofilia com o descolamento de placenta durante a gravidez. 

Será que existe relação? Quais são os riscos e medidas que devem ser adotadas? Confira! 🙂

Trombofilia e gestação é uma relação delicada. Muita gente acaba acreditando em tudo o que lê e se preocupa com coisas que na verdade, não são motivos de preocupação. O que quero deixar bem explicado é que a mulher que não consegue engravidar, o motivo nunca será a trombofilia, ok? Agora, se o problema são complicações já na gestação, aí sim pode ter relação com a trombofilia.

Mas e o descolamento de placenta?

O descolamento de placenta ocorre 1 vez a cada 100 a 120 gestações e na maioria dos casos em gestações mais avançadas (após 32 semanas). 

Não existe relação direta comprovada cientificamente até o momento entre descolamento de placenta e trombofilia. Os fatores de risco para descolamento de placenta são:

trauma abdominal (ex: acidente de carro na gestação), 
aumento de líquido uterino (polidramnia), 
hipertensão materna prévia, 
pré-eclâmpsia e eclâmpsia, 
ruptura prematura da bolsa, 
restrição de crescimento fetal na gestação,
 história prévia de descolamento de placenta em gestação anterior, 
idade materna avançada, 
muitas gestações anteriores, 
tabagismo na gestação 
bebês do sexo masculino.
Mas então por que algumas fontes dizem que trombofilia pode fazer descolamento de placenta? 

Porque uma das teorias científicas é a de que a trombofilia pode levar a pré-eclâmpsia que é um dos possíveis fatores de risco para descolamento de placenta. Mas isso não é algo muito claro na literatura médica. E o maior fator de risco conhecido para pré eclâmpsia é a alteração no desenvolvimento dos vasos da placenta que na maioria dos casos não tem nenhuma associação com trombofilia. Por isso atualmente (em 2020) trombofilia NÃO É considerada fator de risco para descolamento de placenta. Isso pode mudar com novos estudos científicos, mas até o presente momento essa é a conclusão baseada em evidências científicas mais atuais.

Porém se você já teve descolamento de placenta em uma gestação anterior, o risco de ocorrer novamente é bastante elevado e por isso, o acompanhamento com o obstetra e hematologista de confiança é fundamental. Na maioria dos casos não há necessidade de evitar a gravidez por conta de histórico de descolamento de placenta ou mesmo trombofilia, mas é preciso estar atenta aos sinais como inchaço, cansaço excessivo e pressão arterial elevada. 

Com o acompanhamento médico adequado, ambas as situações podem ser tratada com medicamentos seguros e adequados, orientados pelo hematologista e obstetra.

Ficou com alguma dúvida? Deixe nos comentários! Agora, se você precisa de uma consulta, sou médica hematologista com consultório em Londrina e Apucarana. Para consultas em Londrina ligue para (43) 3372-2500. Em Apucarana envie um WhatsApp apenas para agendamento: (43) 99187-9191. Até mais 🙂 

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