Recebi um pedido especial nas redes para falar sobre um assunto “difícil”, quase não conhecido pelo público em geral.Você já ouvir falar sobre quimerismo?
Fica tranquilo, hoje é sobre isso que vamos conversar 😉
Chamamos de quimerismo uma alteração genética bastante rara, na qual existe a presença de dois materiais genéticos (DNA) diferentes no mesmo paciente. Para chamarmos de quimerismo, essas células genéticas precisam ter origens diferentes.
Quando o material genético é diferente, mas tem a mesma origem, chamamos de mosaicismo, mas isso é assunto para outro dia.
“Ok, doutora. Continuo sem entender nada!”. Se você pensou isso, calma lá. Podemos falar em quimerismo natural ou artificial.
Quimerismo é como se tivessem duas pessoas dentro de uma mesma. Ou pelo menos duas características diferentes. Exemplo: você tem olho azul, certo? Os 2 olhos então são azuis, certo? Então, para quem tem quimerismo a pessoa pode ter um olho azul e outro verde. Doideira, né?
Isso porque tem 2 informações diferentes no DNA dessa pessoa, uma mandando fazer olho azul e outra olho verde. Aí o corpo acaba manifestando as duas.
Na hematologia temos um quimerismo artificial quando a pessoa faz um transplante de medula óssea alogênico, ou seja, aquele que precisa de um doador de medula.
A pessoa que recebe um transplante de medula vai ter o DNA dela e na medula óssea o DNA vai ser de outra pessoa. E na verdade é isso que queremos com o transplante, um quimerismo total da medula para eliminar de vez as células doentes da pessoa. Legal, né?
Porém temos que tomar alguns cuidados porque existe o risco de o nosso corpo rejeitar esse material genético estranho. Por isso o paciente transplantado precisa usar imunossupressores (remédios que reduzem a imunidade) após o transplante. E não é que faz sentido? 😉
Sinais de quimerismo
Para quem já nasce com a condição, os sinais podem ser bem fáceis de identificar: olhos de cores diferentes e pele com locais mais ou menos pigmentados do que o restante do corpo.
Além disso, o fenômeno também pode impactar na sexualidade e alguns pacientes apresentam variação de características sexuais e cromossômicas.
No caso de quimerismo após transplante, é possível identificar essa alteração por meio de um exame genético que avalia os marcadores da superfície das células. No exame, podemos diferenciar as células do receptor e do doador.
Para os pacientes que recebem o transplante de medula óssea, nosso maior objetivo é alcançar um quimerismo de 100%, para aumentar as chances de sucesso no tratamento.
E aí, conseguiu entender um pouquinho sobre o assunto? Se ainda tiver dúvidas, deixe nos comentários 😉